domingo, 4 de maio de 2008

"... educação brasileira em primeiro lugar..."



Vou começar essa postagem narrando um conto. Certa vez, um homem com um caráter nada plausivel, chamado Brutos, soube de uma promoção que daria ao vencedor 1 milhão de reais. Era o "Show do Milhão". O concurso era movido a uma seleção de perguntas feitas aos participantes. Como um bom trapaceiro, Brutus conseguiu a relação dos participantes do dia e deu um jeito de evitar que um a um fosse ao programa, apelando às mais cruéis alternativas, para que fosse só ele ao programa, ganhando o jogo por falta de concorrentes. Mas como há espinhos nas flores, ele não conseguiu entrar em contato com uma pessoa, então como Brutus não tinha estudo, tratou de arrombar bibliotecas, livrarias e sebos fora do horário de atendimento para roubar um material que lhe auxiliasse nos estudos. E ainda mais: colocou um fone no ouvido para receber informações de um comparsa que estava fora do estúdio! As informações eram tantas, mas tanta coisa que Brutus acabou se confundindo todo na hora, não associava disciplina à resposta e acabou sendo descoberto pelo fone no ouvido! Puxaram sua ficha criminal, e viram que
não era das melhores... e para ajudar, ele não encontrou os livros roubados para devolver. Como pena, foi predestinado a ele que trabalhasse como professor
repassando seu conhecimento adquirido para este concurso aos alunos e que com seu salário pagasse todos os prejuizos que deu.
Coitado, castigo pior acho que não existe. Com o salário de professor, vai ter que trabalhar por muitos e muitos anos.

Bem-feito ao Brutus, que é um fanfarrão, mas e os professores de verdade como ficam?
Eu, Rodrigo Rocha, intercalo trabalho com estudos feito uma formiga anfetamínica e escola com tempo livre pra vegetar em casa tipo soja transgênica. Mofar em casa é tão bom, mas é melhor ainda quando estamos atordoados com tantas outras coisas pra fazer e nos damos o luxo de ter aquela sensação prazerosa de: hoje me dedico a fazer nada.
Mas dentre todos os compromissos, existe um que me decepciona certas vezes: ir para a escola.
Íncrivel como algo que na minha opinião é tão prazeroso e útil tem o poder de causar este sentimento. Mas o que causa este sentimento é a nossa realidade, infelizmente. Chego todos os dias na escola e encontro uma trupe de pessoas que não estão nem aí para o futuro, não tem ambição em aprender para poder crescer e vivem com uma mentalidade medieval. Como toda regra tem sua exceção, há os que se salvam. Pessoas assim acabam decepcionando principalmente os professores, que planejam uma aula para, no fim, ninguém prestar atenção, causando o famoso desânimo do professor. Isso não é de agora. A falta de interesse e motivação
acaba transformando um professor, que por diversas vezes deixa de lutar pela sua classe e aceita tudo como está. Há ainda aqueles que não trairam suas ideologias e estão com todo gás, mas também encontramos novas gerações entrando no ramo sem animação. Me pergunto: então para quê escolher essa profissão? Se é por amor, que a faça com amor.
O professor é visto ora como aquele que salvará a todos... ora como um mercenário que só pensa em dinheiro em detrimento da qualidade da educação... fazendo greves por malandragem ou por estar aí na onda dos "outros". Mas não é por aí, o professor deve sim ser bem remunerado. É a profissao que além do trabalho exaustivo em sala, tem que levar trabalho para casa, como provas, trabalhos e desaforos. Nosso piso salário para os professores não está de acordo com o que merecem. São os responsaveis pela educação dos nossos jovens, que são o futuro de nossa nação. Onde já se viu, uma profissão tão importante ser assim tão desvalorizada. Acredito que com um incentivo maior, teremos professores mais empenhados em dar aula, com aquela
vitalidade que esperamos. É a única classe trabalhadora com curso superior que não tem um piso salarial digno.
Reconheço que hoje temos uma melhor infra-estrutura para os professores trabalharem. Muito em função dos diferentes projetos do governo federal, que ao longo dos últimos anos destinou verbas para livros didáticos, informatização das escolas e outros. Mas não pára por aí. Além do material, precisamos de professores bem pagos e bem qualificados. Professores devem ser renovados, fazendo concursos anuais, pois muitos que passaram há vinte anos atrás tenho absoluta certeza que não passariam em um atual. Tudo muda, precisamos de pessoas ligadas a tudo que nos rodeia, a todas informações de nossa atualiade, pois só assim irão procurar
estar sempre aperfeiçoando seu conhecimento na área em que atua. Nossa Escola tem computadores, livros didáticos, mas não é só isso que queremos. Temos uma Biblioteca, mas e dai? Só quem se interessa por ela, é que a procura. NUNCA ouvi um professor falar bem dela, incentivar a leitura dentro da sala de aula ou criar algum trabalho relacionado ao hábito de leitura, uma verdadeira vergonha.
Juntando a falta de interesse em sala de aula mais a má remuneração de um professor, o resultado que temos é o desânimo. Com este desânimo, temos como consequência professores desmotivados que não fazem esforço para mudar. Isso não é de hoje, nem de ontem, é de anos e anos, e muitos professores acabam sendo assim sem sequer perceber.
É íncrivel também a enorme disparidade entre salários da rede pública e da rede particular. As aulas são ministradas da mesma maneira, somente as condições de trabalho são melhores em uma rede do que na outra...Além de o professor da rede pública (que representa 80% da classe) lidar com as maiores dificuldades, é o menor valorizado! Como podemos entender um governo assim? A não ser que o realmente esperam é que o "sistema" não funcione direito! Ouvi falar até em "projeto" que dá um bônus ($$) aos professores por aluno com nota boa. Onde já se viu, tratar a educação pública como uma mercadoria. Vejam a que ponto chegamos!
A última coisa que "eles" se lembram é de valorizar profissionalmente o professor. São tratados como seres virtuais, como se estivessem ali, mas não necessitassem comer, vestir, pagar contas, educar seus filhos... estudar, ler (livros de qualidade, especialmente os relacionados às disciplinas ministram, custam MUITO caro).
O professor é o elemento principal em nossa escola. Pode faltar todo mundo, que é dado um jeito. Mas e se falta o professor? O ensino pára. Simplesmente isso: pára! Espero que o governo acorde, que veja esta luta verdadeira! Santa Catarina está entre os Estados que pior paga um professor, que há anos não oferece uma remuneração digna. O Brasil ocupa um vergonhoso lugar no quadro da educação!

Existe um ditado que diz:

" O erro do médico vai para o cemitério. O erro
do advogado vai para a cadeia. O erro do professor perpetua, passa de geração a geração."

Espero, do fundo do meu coração que este nosso governo, que esta nossa sociedade, acorde e veja a burrice que está cometendo. Que em um futuro breve lembrem de nós e digam como éramos burros a ponto de não valorizar a profissão mais bonita que existe, que visa em repassar o conhecimento e é responsável pelo ensino de milhões de pessoas.

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