sábado, 1 de novembro de 2008

Os animaizinhos subiram de dois em dois

“Mãe, deixa eu ter um cachorro?”

“Não”

“Ah, mãe, porque não? Eu juro que dessa vez eu cuido”

“Cuida nada. É sempre assim. Depois ele fica aí jogado e se não é eu dar comida e água ele morre de fome”

“Ahhh de fome"
"Não"
"Ahhh mãe”

“Eu disse não, não e não!”

Essa conversa se repetiu todas as vezes que eu quis adotar algum animal. E segundo minha mãe, essa história foi a mesma com meus irmãos todas as vezes que eles também queriam um animal de estimação. Mas era só jogar um pouco mais de conversa que ela cedia e autorizava... mesmo que, depois de algum tempo o pobre animal acabava sendo tratado por ela. Minha irmã teve até macaco! Teve uma fase que eu tive praticamente um zoológico em casa: coelho, 4 porquinhos-da-índia, tartaruga, duas codornas, gato, cachorro, um peixinho beta e dois hamster, tudo de uma única vez. Era uma loucura! Eu adquiri um por um e foram todos muito bem escolhidos.

Eu me sentia uma mistura de Beto Carreiro com Bridgitte Bardot, mesmo sem cavalo e leões, me contentando com meus roedores e codornas.
Foi a partir do convívio com esses animais que estabeleci certos padrões para julgar qualquer um que viesse depois. E como qualquer ser que convive com outro ser, passei a presenciar e fazer parte das mais diversas peripécias que um bichano pode causar.

O meu porquinho-da-india chegou aos 4 anos. Ele sempre foi criado ao ar livre, tendo todo o terreno atrás da minha casa para ele e mais três companheiros da mesma espécie brincarem. Era só chamar “Xandeeeeeee” que ele vinha, ou então fazer “quic quic quic” com sotaque de galinha-da-angola que independente do local onde ele estava, corria para a porta da garagem pra ver porque estávamos o chamando. Meus amigos se reuniam para “caça-los”, correndo atrás de casa para pegar e ficar fazendo carinho.

No último ano de vida do Xande ele teve um comportamento estranho e sumiu por uma tarde. Ficamos desesperados. Pensei até em fazer uma campanha junto às mães da praça da Sé com seus filhos desaparecidos em busca do Xande.
Era noite. Eu estava no computador da sala e um lixeiro bateu palma, minha irmã e eu fomos atender. Ele segurava uma “bolinha” na mão e perguntou se era nosso. Era o Xande em sua mão! O hábito do Xande naquela tarde em que sumiu, descobrimos que era entrar no saco de lixo que estava cheio de alface, e sem que minha irmã percebesse, ela fechou o saco e levou para rua.

Sorte que quando o lixeiro levantou o saco, ele se abriu o Xande caiu, salvando-se então de ser esmagado pelo triturador do caminhão de lixo!

Aquele lixeiro deveria ser canonizado!

O nome “Xande” foi dado porque eu já tinha uma porquinha com o nome de “Mel”, em homenagem a drogada da novela “O Clone”. Sempre fui muito noveleiro. Então os nomes variavam de Mel, Xande, Lattifa, Jade, Nazira (todos de O Clone), Boris, Tainá – era o nome da codorna, que parecia uma índia. E assim por diante, não colocarei o restante porque isso só faz sentido para seu dono. É quase a mesma coisa que sua mãe falar o nome dos seus irmãos achando que alguém está interessado em saber apenas os nomes.

Deixando claro, porquinho da índia nada tem a ver com um animal suíno, ok? São roedores fofinhos que eram pop's na Europa e vieram pro Brasil nas caravelas de Pedro Álvares Cabral – mentira, eu não sei como vieram. Mas que viera, eles vieram.
Ah, e se vieram!