segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Procurando bem

MEUS OITO ANOS

Casimiro de Abreu

Oh! Que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais...

Dificilmente encontramos alguém que diz que foi uma criança normal. Se ela diz que foi, provavelmente diz isso porque já se acostumou com aquela loucura ou porque tem trauma em lembrar. Quando crianças, nós não temos noção do que nos rodeia e nos sujeitamos a quase tudo que nossos pais impõem, independente se gostamos ou não. Somos obrigados a ouvir as músicas que eles ouvem, a ver os programas que eles assistem e assim por diante, sem opção de dizer não. Afinal, somos crianças. E desde quando criança tem vez pra falar? Se ela opina, é uma metida e folgada que merece umas palmadas na bunda por ser ‘respondona’. E isso, aos poucos, vão construindo nossa personalidade e só começam a mudar quando chegamos na adolescência (alguns antes, alguns depois e outros beem depois). Alguns exageram nessa mudança, mas é preciso ter calma, tudo se constrói com o tempo. As maiores construções começaram com um primeiro tijolo. Você não precisa ser radical e mudar da noite por dia, a se comportar de maneira estranha ou pintar o cabelo de azul – ataques pessoais. Mas o assunto aqui é passado, voltemos ao tempo.


Meus primeiros problemas na infância começaram com assuntos relacionados à comida. Sempre fui taxado de enjoadinho por ter certas restrições na sagrada hora do lanche. Deus-me-livre se tivesse qualquer folha de cor verde na minha comida, eu fazia um escândalo mesmo. Não comia, não comia e não comia! E se insistissem, eu ficava bravo e bravo e muito bravo. Hoje eu reconheço que isso era tudo muito psicológico. Minha avó que o diga. Tem uma história que ela não cansa de contar, talvez por ser a única que ela lembre (que pecado), de certa vez que fomos comprar roupas em Itajaí. Já com fome no meio da tarde, fui a uma lanchonete em frente à Igreja Matriz pra comer uma coxinha, então, enquanto eu estava comendo eu vi uma cebolinha verde e comecei a chorar. Desesperadamente eu chamava o dono da lanchonete pra pedir catchup para por em cima da cebolinha, e só assim, quando o temperinho estava tampado, eu sosseguei. Verde que te quero vermelho! Esse maldito temperinho! Esse maldito dono do bar! Eu sempre pergunto antes todos os ingredientes e ele omitiu a presença dessa cebolinha! Se fosse hoje, eu metia processo!


Por ser amiga da cebolinha-verde, eu já não comia salsinha também. A salsinha vinha juntinha no mesmo pacotinho de “cheiro-verde”, e como não eu nunca quis nem papo com a cebolinha, sempre a generalizei. E o alho foi para minha lista negra (verde) de brinde.


A rainha de todos esses males não é nem a cebolinha e nem a salsinha, mas sim a cebola. Não sei por que a cebola existe. Deus deve ter feito essa maldita quando teve um bloqueio criativo. O mundo seria mais bonito sem ELA. Só de imaginar aquele "cleck" já me dá vontade de vomitar. É o "cleck", o pior jeito para você identificar que tem cebola naquela comida, porque você já mordeu. É um vegetal feio por natureza, com cascas que se soltam, se quebram, deixam mal-hálito e além de tudo, faz as pessoas chorarem! Abaixo a cebola! Exterminem-nas!



E uma observação para quem é meu amigo: nunca, de maneira alguma, minta dizendo que não tem cebola em um prato que tiver! Jamais ouse fazer isso. E não desculparei nem se falar depois "ah, mas tá picadinha". É só um alerta. Não que eu esteja colocando pressão, claro...


Trocando de assunto, da cebola pro vinho, li essa manchete e fiquei com pena da Pata. Sem maiores explicações:


Não é a toa que ela vive em um pesadelo. Prontofalei.