Sempre quando chego em um lugar que não costumo freqüentar, me sinto meio desolado. Acredito que é assim com todo mundo. Até me habituar ao ambiente demoro um pouco pra me sentir bem a vontade... então nos primeiros momentos não tenho aquela paixão a primeira vista e fico com um certo receio ao local. São Paulo sempre foi assim comigo, nenhuma vez que eu fui eu me senti a vontade... a nesta última viagem foi o contrário... talvez por eu estar “sozinho” andando pelas ruas, sem conhecer quase nada e conseguindo encontrar quase tudo que procurava.
Para quem mora em uma cidade com um padrão de vida elevado como Balneário Camboriú, claro que São Paulo fica desejar: buzinas, transito, pichações, cheiro de xixi em todos os cantos, gente pedindo dinheiro sem parar, crianças nos semáforos... um tristeza sem fim. Um conselho que eu dou a quem for a São Paulo pela primeira vez: não saia nas ruas em jejum. Eu passei mal só de passar por um canteiro com pessoas dormindo ao lado de fezes humana... triste, muito triste. Eu mesmo fico com o coração na mão. De vez em quando até guardo ele no bolso pra não roubarem. Ai que pecado.... Mas então, quem vê um lugar assim cria uma péssima impressão... o que muda quando você passa a se relacionar com os paulistas...
Nunca imaginei que eles eram tão receptivos! Fui bem tratado por todos, sem exeção, desde a balconista da farmácia até ao policial que cuida da Estação da Luz. Esse policial que estava de plantão na Estação da Luz foi o melhor guia de viagem que eu tive... Me ensinou, em poucos minutos, onde ficava a Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa, a Estação Pinacoteca e mais um monte de lugares que eu queria conhecer... incrível como existem pessoas assim de bem com a vida e dispostas a conversar e passar conhecimento adiante. Ele até me entregou um cartãozinho para procura-lo uma próxima vez que eu for lá... e quem vê de longe, não imagina que um PF seria tão atencioso.
E aí vem aquela máxima, que diz... que dentro de uma horrosa ostra, se esconde uma bela pérola. E as aparências enganam mesmo. São Paulo eu vejo assim: por fora é uma cidade muito suja, mas por dentro tem coração do povo paulista, que eu me apaixonei. Se alguma vez eu falei que entre Rio e São Paulo eu prefiro morar no Rio... agora acabo pensando duas vezes!
Uma frase muito interessante que ouvi foi do taxista, enquanto nos levava para Chácara Santo Antônio:
"Ninguém conhece São Paulo. O homem que disser isso está mentindo"
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* foto de Agostinho Carrara meramente ilustrativa para representar um taxista. Não, ele não me levou até a pastelaria do Beiçola. E eu é que nao ia pedir pro taxista original: "moço, olha aqui, dá um sorriso e diz xis.